terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Cultura Organizacional na Perspectiva Emocional

A Cultura de uma organização, definida como o padrão ou o modelo de compreensão e significação pelo qual seus membros interpretam e atuam em seu cotidiano, é carregada de conteúdo e influências emocionais.

As pessoas desenvolvem seus modelos afetivos a partir de sua experiência social e cultural.  
 
Do nível mais superficial, como a forma de se vestir, ao mais profundo, onde se encontram os valores e as premissas básicas nas quais residem a natureza das pessoas, dos seus relacionamentos, sua realidade e suas verdades, a cultura se dá de forma inconsciente e subjetiva. Como tal, é fortemente influenciada e associada a emoções e seus sentimentos correspondentes.

O reconhecimento e entendimento da natureza, magnitude e dinâmica das emoções inerentes à sua perspectiva cultural, pode gerar para uma organização enormes benefícios em termos de capacidade de aprendizado, mobilização e funcionalidade.

Estruturas de poder, tolerância a incertezas e ambiguidades, individualismo ou coletivismo, assertividade e foco no resultado, valorização das pessoas, visão de longo ou de curto prazo, reconhecimento, gratificação e valorização do prazer; são todos aspectos que, segundo Geert Hofstede (2001), definem as diferentes dimensões de uma cultura. Se os analisarmos com atenção, veremos que além de definirem o jeito de ser e a capacidade de realização de uma organização, praticamente todos se mostram potenciais geradores de estados emocionais específicos.
É com base nisso que podemos afirmar que a cultura, e principalmente a cultura específica de uma organização, se constitui sem dúvida numa perspectiva importante a ser considerada em qualquer ação que objetive o desenvolvimento da sua competência emocional. O objetivo do seu estudo e aprofundamento com o foco no desenvolvimento da competência emocional não deve, porém, ser o da detecção de eventuais inconsistências e a possibilidade de ajustamento a um modelo de referência, mas sim a busca do conhecimento da natureza e da intensidade das emoções que lhe são inerentes e decorrentes. Esse importante trabalho permitirá em grande medida o entendimento de como a organização sente, como equilibra seus sentimentos e de que forma eles afetam seu funcionamento e seu desempenho.

Não só a origem, mas a dinâmica e a influência dessas emoções são diferentes daquelas decorrentes da interação cotidiana dos profissionais no exercício do seu trabalho (leia também os demais artigos sobre as outras perspectivas organizacionais abordadas no blog, clicando nos links ao final desse artigo).

As emoções inerentes à cultura organizacional definem uma espécie de padrão afetivo subjacente, que marca e guia de forma mais profunda como as organizações e seus profissionais se permitem sentir e como sentem. Culturas que privilegiam o coletivismo, por exemplo, estimulam emoções e sentimentos resultantes de virtudes como o altruísmo, a bondade e o amor ao próximo. Por sua vez, aquelas organizações que valorizam o individualismo favorecem emoções e sentimentos ligados à bravura e à coragem.

Assim sendo, o perfil emocional cultural de uma organização se dá a partir da composição que considera a particularidade de cada um dos aspectos que integram as suas diferentes dimensões culturais. Conhecê-lo e entender seus impactos é um importante passo para o desenvolvimento da competência emocional de uma organização.




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