Sobre o falado "Apagão da Mão-de Obra"

Atuo nas áreas de educação e capacitação profissional.
Tenho uma empresa de consultoria com foco em treinamento e desenvolvimento de pessoal do setor de serviços, e represento uma empresa de soluções para educação com foco em e-learning.  Sendo assim, o tema em questão é minha matéria de trabalho.

De fato, compartilho da percepção de que vivemos um momento de risco iminente de crise gerada pela falta de mão-de-obra qualificada no mercado de trabalho brasileiro. No entanto, também percebo que as iniciativas de solução desta problemática por parte do empresariado, de uma maneira geral, são muito discretas e pouco criativas. Com raras exceções, todos tendem a adotar uma postura bem mais determinista do que voluntarista. Basta ver, nestes últimos tempos, a enorme quantidade de profissionais, uns menos, outros mais qualificados, que têm trocado de empregador em função de melhores propostas de remuneração.
Será que a solução do problema é mesmo roubar o profissional pronto do concorrente, ao invés de formá-lo dentro de casa?
Isso não me parece nada sustentável.
Sejamos realistas, as empresas investem muito pouco na qualificação do seu quadro de pessoal e no desenvolvimento dos seus talentos. As razões disso se devem à existência de um preconceito muito forte e consolidado de que é impossível aferir o retorno dos investimentos feitos em educação e qualificação profissional, ou seja, é impossível saber se isso é um bom negócio. E não só, há também os riscos de perda desse pessoal, depois de qualificado, para a concorrência, o que a prática atual só reforça.

Quando se fala então em qualificar mão-de-obra através do uso da tecnologia (e-learning), as restrições aumentam ainda mais. Mas neste caso, por outra razão: preconceito, puro e simples. Esquisito, pois as instituições de ensino oficiais demonstram que este é um caminho sem retorno. Praticamente todas elas, e principalmente as mais renomadas, já atuam fortemente  com o chamado EaD (Ensino à Distância), obtendo ótimos resultados, conforme reportam as recentes pesquisas feitas sobre o tema. A qualidade dos alunos formados através do EaD se mostra superior a dos alunos do método presencial tradicional. O dado não é surpresa, afinal, aprender através do EaD exige muito mais disposição para o estudo, autonomia e disciplina por parte do aluno.
Em meio aos meus contatos comerciais diários, não raro me deparo com depoimentos de "antigos céticos". Pessoas que tinham uma opinião muito crítica e ruim com relação ao e-learning, fruto de experiências pessoais passadas, e que muito recentemente se surpreenderam com o universo completamente diferente que encontraram.
O Ead se desenvolveu de forma espetacular nestes últimos anos e é hoje, sem dúvida , uma das alternativas mais importantes na condução dos esforços com vistas à redução do deficit de mão-de-obra qualificada no mercado de trabalho. 
Temos que agir, e rapidamente, em todas os níveis e funções, mas principalmente nas mais técnicas e operacionais, e há que se fazê-lo de forma inteligente, com uso intenso da tecnologia. Soluções de educação e qualificação profissional em e-learning são uma forma comprovadamente efetiva de se levar conhecimento e desenvolver competências para grandes públicos, dispersos geograficamente, com qualidade, rapidamente e com custos proporcionalmente baixos.
O difícil é quebrar o paradigma dos decisores!

As instituições acadêmicas jamais formarão profissionais prontos para atuar no mercado de trabalho, a não ser que se diminua a enorme distância entre elas e as empresas - mas  não acredito ser esta a sua função. E as escolas técnicas, ainda são um projeto em nosso país. São muito poucas, e até que consigamos estabelecer uma rede adequada, o mercado precisará ser suprido de qualificação.
Talvez nesse momento eu devesse falar do papel do Governo e das políticas públicas, correto?
Negativo, prefiro não tocar nessa questão, pois para mim a solução cabe mesmo ao empresariado. As empresas é que terão de assumir internamente essa missão, investindo de forma criteriosa, mas maciça em educação e qualificação dos seus  profissionais.
Os grandes movimentos transformadores que aconteceram em nosso país nas últimas décadas nasceram do empresariado, e este não será diferente.
Esse tema tem que ser pauta efetiva das mais altas lideranças das grandes corporações.

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