sábado, 11 de junho de 2011

O Grande Desafio da Formação e da Qualificação no Mercado de Trabalho

O contínuo aumento da complexidade do trabalho motivado pela globalização tem tornado cada vez mais difícil e onerosa a tarefa das empresas de manter atualizados os seus quadros funcionais.

A globalização traz em si a necessidade de adoção de padrões internacionais de produtividade e competitividade, e estes requerem a implantação de modernos sistemas de produção e prestação de serviços, e a utilização de sofisticadas ferramentas e práticas de gestão.

A internet, por sua vez, torna o acesso às informações democrático, rápido e gratuito, e, portanto, quase todas as empresas conseguem se manter informadas a respeito do que há de mais moderno neste campo. O idioma, que era talvez ainda o único grande obstáculo, começa a ser contornado a partir do surgimento das atuais ferramentas de tradução gratuitas disponíveis.

Mas o acesso às informações não é suficiente, pois elas por si só não bastam. As informações precisam ser compreendidas, adaptadas, contextualizadas, enfim, transformadas de forma a se constituírem em conhecimento capaz de gerar resultados práticos em termos de atualização e promoção da qualidade profissional. Uma tarefa, em primeira instância, que deveria ser de responsabilidade das nossas Instituições de Ensino.

Nossas Instituições de Ensino

Temos uma reclamação generalizada do empresariado brasileiro com relação à qualidade da nossa formação acadêmica, sendo as Universidades motivo de muitas críticas quanto ao seu distanciamento da realidade e do pragmatismo do mundo dos negócios. Muitas, não raro são acusadas de darem pouca importância em seus currículos às reais demandas do mercado de trabalho, limitando assim a capacidade dos profissionais que formam, em responder adequadamente aos desafios profissionais que irão enfrentar.

É bem verdade, que a missão das Instituições Acadêmicas não se restringe à preparação de mão de obra para o mercado de trabalho, mas por outro lado é inegável que esta se trata sem dúvida de um dos seus importantes objetivos.

Quanto às estruturas de formação técnica, ainda são insipientes em nosso país, pois durante as últimas três décadas sofreram com o preconceito de serem consideradas uma modalidade de menor prestígio. Só bem recentemente, motivado pelo cenário de escassez de mão de obra qualificada, as Escolas Técnicas passaram a ser vistas como uma alternativa importante e estratégica de qualificação profissional.

Por último, e não menos importante, temos as nossas Escolas de Ensino Fundamental e Médio. As primeiras, praticantes de uma educação exageradamente conteudista e descontextualizada, e as últimas, focadas exclusivamente no preparo dos alunos para os processos de acesso às Instituições de Ensino Superior; estão ambas distantes da realidade do mercado de trabalho.

As estruturas de RH

Nesse contexto, intensificou-se o desenvolvimento das estruturas de Recursos Humanos das empresas, e as funções especializadas em treinamento e desenvolvimento profissional.
Fruto deste fenômeno, temos hoje locados nas estruturas das empresas muitos profissionais dedicados exclusivamente ao treinamento e desenvolvimento, sem contar com os inúmeros outros, que atuam como profissionais liberais, ou associados a consultorias e assemelhados.

Esse modelo de resposta às demandas de qualificação e desenvolvimento profissional vem funcionando muitíssimo bem ao longo das últimas duas décadas e meia. No início, as estruturas de RH das empresas tinham uma grande dependência do conhecimento aportado pelos chamados Consultores Externos, depois, com o passar do tempo foram descobrindo a sua própria capacidade de gerar conhecimento e auto-aprendizado. Como resultado dessa descoberta surgiram as chamadas Universidades Corporativas, organismos catalisadores e difusores, não só de conhecimento técnico e de gestão, como também de cultura empresarial e principalmente da prática da Educação Continuada.

Neste ínterim, consolidou-se toda uma tecnologia de ensino voltada exclusivamente para o contexto do trabalho, o chamado Ensino Empresarial: currículos especializados, vinculados à estratégia dos negócios e das empresas, fortemente conectados à realidade do mercado, em formatos de longa duração e pautados nos conceitos então relativamente recentes da andragogia.

Com essas estruturas se deu uma outra etapa importante no avanço da qualificação e do desenvolvimento profissional. No entanto, este modelo se mostrou inviável para o atendimento das demandas das funções de nível técnico operacional. Em parte por questões econômicas – as ações de formação eram caras demais para esse público –, noutra, por questões logísticas – dificilmente se consegue tirar um funcionário de nível operacional do seu trabalho por muito tempo –, ou por questões de eficácia, haja vista que nos níveis operacionais, dada a natureza dos conteúdos e dos objetivos de aprendizado, o mesmo se dá realmente de forma mais efetiva no próprio contexto do trabalho.

Como resposta a essa problemática, propagaram-se as práticas de qualificação e desenvolvimento profissional conhecidas como treinamentos on the job.

Treinamento On the Job

Nos treinamentos on the job, ou seja, aqueles realizados no próprio local trabalho e durante o seu desempenho diário, o líder imediato é quem desempenha o papel do instrutor, do promotor, do facilitador do aprendizado, portanto, é fundamental que detenha as competências para tal.

É  bem verdade que nem todo bom líder é um bom formador, principalmente quando se trata de liderança do nível técnico operacional, mas isso não significa que não possam ser desenvolvidos para desempenharem minimamente este papel. Fato é que, a adoção de um modelo que atribui aos líderes a responsabilidade de pela formação e desenvolvimento de seus liderados reforça a capacidade de auto-aprendizado que tem um organismo vivo e dinâmico com é uma equipe, e num nível mais amplo, um departamento, ou mesmo, uma empresa. Diferente de um objeto inanimado qualquer, uma equipe tem por natureza a capacidade de per si identificar suas falhas e deficiências e gerar suas soluções, sem que para isso precise de socorro externo. Isso ocorre principalmente quando o seu líder assume o seu papel de formador. Ao desenvolver esse modelo reforçam-se as “bases da pirâmide” promovendo assim uma postura mais participativa, crítica e compromissada dos seus integrantes. Mais do que simplesmente “fazer”, os funcionários passam a “pensar”.

Além disso, esse modelo constitui-se em uma alternativa de excelente relação custo benefício, afinal os investimentos concentram-se basicamente no desenvolvimento e qualificação dos líderes, um público tradicionalmente mais estável – menor taxa de Turnover – e em alguns casos também na formatação de conteúdos específicos, que serão por esses multiplicados.

Leia também:

O falado "Apagão da Mão-de-Obra

Universidades Corporativas: O que são e para que servem?


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