quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Vocação, carreira e oportunidades

Quis ser médico quando jovem. Será que vem daí minha vontade de me tornar um gestor hospitalar?

...Me pego às vezes refletindo sobre isso.

Acho que não, pois como todo adolescente me imaginei atuando também em diversas outras áreas e profissões, afinal, aquela era a fase de sonhar, de descobrir minha vocação, de fazer minha escolha profissional.

Acredito que não nascemos médicos, advogados, engenheiros, ou qualquer profissão que um dia tenhamos escolhido. A gente se descobre nela ao longo da vida, num processo que, creio eu, começa sempre com aquilo que está mais disponível, mais próximo de nós.

Trabalhei em restaurante e fui jogador de futebol na minha adolescência, pois meu pai era dono do restaurante e tinha sido dirigente de um clube de futebol por quase oito anos. Foi natural que eu experimentasse aquilo. Apesar de não ter seguido aquelas atividades como profissão, foram ótimas experiências, porque além de acumular conhecimento, tive a oportunidade de me pôr à prova e descobrir o que era capaz de realizar. Aprendi coisas diferentes, em contextos únicos, que até hoje me são muito úteis e marcam meu perfil de atuação nas áreas em que trabalho ou já trabalhei.

Lição 1: Todo aprendizado vale.

Em verdade, tudo tem a ver com o exercício dos nossos talentos. Aquilo que naturalmente nos agrada fazer, aprendemos com mais facilidade e consequentemente fazemos melhor. Nossos pontos fortes nascem conosco, porém, não no formato de perfil profissional acabado, pois esses são estereótipos, mas como um conjunto de tendências para fazer com satisfação e bem feito determinado tipo de atividade, ou expressar determinado tipo de comportamento.

Sempre gostei da “lida de casa”. Nenhuma vergonha disso. Pelo contrário, gostava de arrumar a bagunça que eu e meus irmãos fazíamos, colocar tudo em ordem, decorar meu quarto com quadros e pôsteres nas paredes, cuidar do jardim e outras tantas atividades domésticas.

Parece coisa banal, não?

Talvez, mas no meu caso, isso tudo compôs uma experiência, um conhecimento e um rol de preferências que depois acabaram por definir minha escolha profissional.

Quando aos dezesseis anos de idade minha mãe me surpreendeu ao apresentar-me a “Faculdade de Hotelaria”, em função de um trabalho que estava realizando, minha reação foi natural e imediata: é isso o que quero para mim. Quero ser hoteleiro!

Na época, poucos sabiam que a hotelaria era objeto de estudo e formação acadêmica. Aliás, hotéis eram realidades distantes da maior parte das pessoas. O que me atraiu para a hotelaria foi, sem dúvida, minha experiência na lida da casa e, naquela época com destaque, tudo o que se relacionava à cozinha e à “mesa”. Não à toa, minha trajetória inicial na profissão se deu exatamente na área de A & B, para quem não sabe, Alimentos e Bebidas.

Lição 2: Identifique seus talentos, conecte-os com aquilo que está próximo e disponível e exercite-os, de forma a transformá-los em pontos fortes.

Atuei por mais de dez anos em funções de gestão na hotelaria e acho que, modéstia à parte, com relativo sucesso.

Mas não foram dez anos ininterruptos, pois ainda em minha primeira gerência em A & B, envolvido pessoalmente com a montagem da sala para um treinamento da minha equipe, minha dedicação chamou a atenção do consultor responsável pelo programa. Ao final do treinamento, o consultor, então meu novo colega de empresa (a Accor tinha recém adquirido a Quatro Rodas Hotéis do Nordeste, onde eu trabalhava) perguntou se eu não teria interesse em participar de um projeto inovador que estava por se iniciar na Accor, na área de Treinamento e Desenvolvimento. Foi uma grata surpresa porque eu já estava mesmo com as “antenas ligadas” à procura de um novo desafio.

E o curioso foi que de certa forma foram minhas habilidades na “lida da casa” que mais uma vez me renderam bons frutos.

Naquele convite teve início uma das etapas mais profícuas da minha carreira em termos de desenvolvimento profissional. Pouco mais de um mês depois, passei a fazer parte da equipe gerencial da primeira universidade corporativa do Brasil, um dos cases dessa área, a então Academia Universidade de Serviços, hoje Académie Accor.

Obra do acaso? Não. Acredito que foi exatamente o aspecto da proximidade e a disponibilidade que definiram o redirecionamento da minha trajetória profissional. Não obstante, é bom lembrar que eu estava mesmo à procura de um novo desafio.

Lição 3: “Ligar as antenas” não só capta, mas também atrai aquilo que se procura.

Comecei minha carreira em Consultoria ainda com “um pé” na gestão operacional, pois acumulava a responsabilidade pela gerência dos serviços e da estrutura da Académie Accor em Campinas. Cuidei primeiramente da formação de profissionais da própria hotelaria e mais tarde ampliei meu foco de atuação, passando a atender as demandas de formação e desenvolvimento da Ticket (Edenred), uma empresa, naquela época, ainda do Grupo Accor, referência na sua área de atuação.

Algum tempo depois, diante novamente da possibilidade de fazer parte de mais um grande e inovador projeto na Accor, voltei à gestão hoteleira, no Resort Costa do Sauípe, onde fiquei por dois anos. Mais uma vez, a oportunidade surgiu dali, de bem próximo do meu dia a dia. Depois de Sauípe, onde, confesso, o aprendizado se deu de modo sofrido, gerenciei ainda mais dois hotéis pela Accor.

Em relação a essa segunda passagem pela hotelaria, vale destacar o diferencial que minha experiência anterior em consultoria aportou ao meu desempenho como gestor de uma operação hoteleira. A experiência mais diversa em áreas afins ou complementares enriquece não só a capacidade de análise, mas principalmente a capacidade de criar e implantar soluções inovadoras, mais completas e de maior valor agregado.

Lição 4: Todo aprendizado vale, ainda mais se for variado e utilizado em contextos diferentes, de forma inteligente.

Quando deixei a Accor em 2009, depois de 20 anos naquela maravilhosa organização onde muito aprendi, me pareceu ser o momento de retomar minha carreira de consultor, dessa vez numa empreitada solo, quando então criei a Pollux e desenvolvi minha abordagem inovadora sobre o tema Atendimento a Clientes. Foi a fase de aprender a ser empreendedor de fato.
Entretanto, em meio a uma viagem a trabalho para captação de negócios em São Paulo (na época morava em Salvador), reencontrei uma antiga colega da Accor. Desse contato, que ativou novamente a dobradinha proximidade/disponibilidade, veio indiretamente uma nova proposta profissional, desta vez para gerenciar um clube social. Eu não buscava nada além de negócios para minha empresa naquele momento, mas não pude deixar de reconhecer o aspecto tremendamente desafiador daquela oportunidade. Tratava-se de um projeto que envolvia esforços de profissionalização da gestão de um clube de quase oitenta anos, dono de uma cultura muito tradicional. Foi uma experiência difícil, pois tive que me adaptar ao contexto político que marca o ambiente de gestão de todo clube, e do qual tinha pouco conhecimento. Foi uma experiência cheia de descobertas e quebra de paradigma que me fez crescer muito em termos pessoais, pois me exigiu muita flexibilidade e paciência.

Lição 5: A experiência em contextos novos e desconhecidos só gera evolução e aprendizado, se tivermos, além de muita curiosidade, verdadeira disposição para aceitar o ônus da mudança.

Minha experiência no clube foi concluída no último mês de agosto e entendo que chegou o momento de realizar um desejo antigo. Algo que tem a ver com a busca de um trabalho mais significativo. Quero ser gestor no segmento hospitalar, conforme revelei no início desse texto.

Posso estar sendo ingênuo, mas acredito que atuar no segmento hospitalar envolva fundamentalmente uma noção de causa embutida em si, o que dá ao trabalho uma dimensão diferente, o que procuro nesse momento. Mais do que servir aos outros, quero ajudá-los em suas necessidades e perceber de forma mais intensa o sentido de realização e melhoria naquilo que faço.


Espero que as “antenas ligadas” me ajudem novamente a captar e atrair essa nova a tão desejada oportunidade.



Revisão: Zulma Victória da Silva


Caso tenha interesse em conhecer a atuação da Pollux Treinamento e Qualificação Profissional, mande seu e-mail para: andrevictoriadasilva@hotmail.com










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