A hotelaria hoje - Uma abordagem histórica - Mudanças

          Durante estes meus vinte e dois anos de carreira devo ter participado de uma centena de eventos educativos do tipo seminário, palestra, workshop, ou simplesmente como dizíamos há alguns anos atrás, treinamentos. 
         Em boa parte deles, o tema “mudança” esteve presente. O enfoque dado a ele foi sempre muito parecido, marcado por um discurso em tom quase apoteótico, que deixava atônito o “marinheiro de primeira viagem”. Na abertura, ou no desenvolvimento do evento, o objetivo era um só: demonstrar a aceleração vertiginosa da evolução da vida cotidiana e conseqüentemente, dos negócios. As descobertas científicas, as grandes invenções, a velocidade cada vez maior do lançamento de produtos inovadores, todos eram sempre citados como "provas da tese".
          Para finalizar, tudo sempre convergia para uma constatação estarrecedora, do tipo: O que fazemos, temos, ou queremos hoje, será radicalmente diferente amanhã. 
          Na verdade, depois da terceira “dose”, comecei a achar que tudo não passava de um mero artifício utilizado pelos consultores e palestrantes para provocar a platéia, no sentido de obterem maior atenção. 
          Fato é que depois de assistir a uma apresentação daquelas, muitos se sentiam perplexos, "perdiam o chão sob seus pés”, abandonavam sua bagagem de conhecimentos e experiências, e depositavam as certezas do seu futuro nas mãos daquele que era então reconhecido como “O Guru; um ser fantástico que inexplicavelmente tinha o dom de prever o futuro do mundo, das atividades econômicas, das empresas, dos departamentos e das tarefas do dia a dia. 
          Cinismo à parte, é óbvio que os consultores são profissionais capazes de melhor compreender os fenômenos sociais, econômicos e históricos do nosso mundo, ou pelo menos uma boa parte deles, acredito eu. Eles se dedicam integralmente a isto. São muitas horas de pesquisa, leitura e estudo, atividades para as quais os profissionais em cargos operacionais e administrativos têm pouca disponibilidade de tempo. Aliás, não é a toa que o mundo acadêmico está cada vez mais próximo do mundo corporativo. Há uma complementaridade e uma fertilidade muito grande nesta relação. 
          Enfim, drásticas ou não, mais rápidas, mais lentas, superficiais ou profundas, a verdade é que as mudanças de fato nunca terminam. Elas são um componente inerente à vida e ao nosso universo. 
          Se o mundo muda, se o homem muda, é então óbvio que a hotelaria também mude.
          Não me considero consultor, muito menos "Guru", mas sou uma pessoa "antenada", muito curiosa, e sempre procurei refletir sobre o que estava acontecendo à minha volta. Como hoteleiro, tive uma carreira sui generis, onde alternei momentos de imersão total na operação do negócio, com outros, em consultoria e treinamento. Isso me deu a condição de poder conviver com a atividade "por dentro" e "por fora", e é por isso que me vejo na condição de fazer esta análise sobre o que é a hotelaria hoje e como ela chegou até aqui. 

Continua...